O seu santo nome
Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda razão (e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.
(Carlos Drummond de Andrade)
Li esse poema de Drummond hoje pela primeira vez, e amei, assim como amo tudo que já li desse grande poeta. Gosto tanto de Drummond porque concordo grandemente com suas palavras, e esse poema diz exatamente sobre algo que muito eu tenho discutido: a banalização do verbo amar.
Tenho ouvido as pessoas dizerem "eu te amo" com uma facilidade/normalidade de quem diz "estou vivo". No Orkut eu vejo pessoas que tem em seus depoimentos dezenas de pessoas dizendo "blá-blá-blá, blá-blá-blá, eu te amo". Será que as pessoas amando tanto assim? Amor é um sentimento nobre e raro, não é algo comum como um simples gostar, mas o uso do verbo que expressa esse sentimento está se tornando demasiadamente dito a meu ver, e isso eu não consigo compreender/aceitar.
Será que sou eu que amo muito pouco? São poucas as pessoas para quem eu já disse um "eu te amo" com todas as letras, poucas são as pessoas a quem eu digo amar, porque só o digo quando sinto algo realmente muito forte pela pessoa, o que não é comum...
Não sei se isso tudo é realmente normal ou se sou eu que restrinjo meus sentimentos, e consequentemente, as palavras representativas... Sei apenas que amo, sim, mas não amo a todos que conheço, não amo com tal facilidade, e não consigo acreditar que para tantas pessoas amar esteja tão frequente assim.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário